Há pouco mais de um ano, para qualquer órgão de comunicação social, ignorar notícias sobre as alterações climáticas era um grave pecado editorial. Mas agora a cobertura mediática do tema está no seu ponto mais baixo dos últimos cinco anos.
No saldo global, 2010 foi o ano em que o tema “saiu do mapa”, segundo o site The Daily Climate, ligado a uma organização jornalística norte-americana sem fins lucrativos, a Environmental Heath Sciences.
A partir do seu próprio arquivo de notícias internacionais, The Daily Climate conclui que houve uma queda de 30 por cento no número de artigos em língua inglesa sobre o aquecimento global em 2010, em comparação com o ano anterior. O assunto permaneceu em evidência em alguns órgãos de comunicação social – como as agências Reuters e Associated Press ou os jornais New York Times e Guardian. Mas caiu a pique em outros.
Nos noticiários noturnos das três maiores cadeias norte-americanas de televisão – NBC, CBS e ABC – a conferência climática de Cancún, há um mês, mereceu apenas dez segundos de emissão. Em contraste, a cimeira de Copenhaga, há um ano, teve direito a 98 minutos, segundo uma análise do investigador Robert Brullem da Universidade Drexel, na Filadélfia, citada por The Daily Climate.
Uma avaliação mais abrangente da Universidade de Colorado-Boulder, envolvendo jornais de vários países, mostra que a cobertura mediática do tema caiu a um nível que não se observava desde 2005/2006, antes de se iniciar uma tendência acentuada de subida que culminou com a cimeira de Copenhaga.
“Em parte, seria de esperar uma redução. Apesar de tudo, é surpreendente, porque a queda é muito acentuada”, afirma a investigadora Anabela Carvalho, do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho e autora de vários trabalhos sobre jornalismo e alterações climáticas.
Segundo Anabela Carvalho, uma conjugação de factores explica a tendência de 2010. O primeiro é a desilusão causada pela cimeira de Copenhaga, que deveria ter produzido um novo tratado climático global, mas resultou num acordo sem poder vinculativo, fora do âmbito das Nações Unidas.
Também faltaram “interlocutores” que chamassem a atenção pública e mediática para o tema das alterações climáticas – como o foram, nos últimos anos, o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, o economista Nicholas Stern ou o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas. “Se não há vozes, o assunto desaparece”, diz a investigadora.
Por fim, a crise económica e financeira tornou secundários os temas ambientais. “Sempre que há situações de crise, a atenção para o ambiente decresce”, explica Anabela Carvalho.
Com a crise longe do fim e sem soluções políticas à vista na diplomacia climática, o assunto, diz a investigadora, deverá permanecer por mais tempo em baixo na agenda dos media.
No saldo global, 2010 foi o ano em que o tema “saiu do mapa”, segundo o site The Daily Climate, ligado a uma organização jornalística norte-americana sem fins lucrativos, a Environmental Heath Sciences.
A partir do seu próprio arquivo de notícias internacionais, The Daily Climate conclui que houve uma queda de 30 por cento no número de artigos em língua inglesa sobre o aquecimento global em 2010, em comparação com o ano anterior. O assunto permaneceu em evidência em alguns órgãos de comunicação social – como as agências Reuters e Associated Press ou os jornais New York Times e Guardian. Mas caiu a pique em outros.
Nos noticiários noturnos das três maiores cadeias norte-americanas de televisão – NBC, CBS e ABC – a conferência climática de Cancún, há um mês, mereceu apenas dez segundos de emissão. Em contraste, a cimeira de Copenhaga, há um ano, teve direito a 98 minutos, segundo uma análise do investigador Robert Brullem da Universidade Drexel, na Filadélfia, citada por The Daily Climate.
Uma avaliação mais abrangente da Universidade de Colorado-Boulder, envolvendo jornais de vários países, mostra que a cobertura mediática do tema caiu a um nível que não se observava desde 2005/2006, antes de se iniciar uma tendência acentuada de subida que culminou com a cimeira de Copenhaga.
“Em parte, seria de esperar uma redução. Apesar de tudo, é surpreendente, porque a queda é muito acentuada”, afirma a investigadora Anabela Carvalho, do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho e autora de vários trabalhos sobre jornalismo e alterações climáticas.
Segundo Anabela Carvalho, uma conjugação de factores explica a tendência de 2010. O primeiro é a desilusão causada pela cimeira de Copenhaga, que deveria ter produzido um novo tratado climático global, mas resultou num acordo sem poder vinculativo, fora do âmbito das Nações Unidas.
Também faltaram “interlocutores” que chamassem a atenção pública e mediática para o tema das alterações climáticas – como o foram, nos últimos anos, o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, o economista Nicholas Stern ou o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas. “Se não há vozes, o assunto desaparece”, diz a investigadora.
Por fim, a crise económica e financeira tornou secundários os temas ambientais. “Sempre que há situações de crise, a atenção para o ambiente decresce”, explica Anabela Carvalho.
Com a crise longe do fim e sem soluções políticas à vista na diplomacia climática, o assunto, diz a investigadora, deverá permanecer por mais tempo em baixo na agenda dos media.
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