domingo, 10 de abril de 2011

Estudo revela que a biodiversidade melhora a qualidade dos rios.

08.04.2011
PÚBLICO
Quanto mais espécies tiver um habitat, mais depressa os poluentes serão removidos da água, conclui um estudo publicado na revista “Nature” sobre o papel da biodiversidade na melhoria da qualidade dos rios.
Brad Cardinale, da Universidade de Michigan, recriou 150 rios em laboratório para estudar como é que o número de espécies de algas num habitat afecta a velocidade a que os poluentes são removidos da água. Concluiu, então, que em habitats com oito espécies, os nitratos são removidos até 4,5 vezes mais depressa do que em habitats com apenas uma espécie, segundo um comunicado publicado no site da “Nature”.

“Os estudos na natureza mostraram que ecossistemas mais diversos têm concentrações de poluentes mais baixas. Este estudo mostra que a biodiversidade pode controlar um serviço vital para a humanidade, isto é, a purificação da água”, comentou Cardinale.

A explicação que o investigador encontrou relaciona-se com os nichos. Cada espécie de alga está especialmente adaptada a um habitat particular num rio e concentra-se nesse local, ou seja, num nicho ecológico. "À medida que fomos acrescentando algas aos nossos pequenos modelos, mais habitats foram sendo ocupados e o rio passou a ter maior capacidade para absorver os poluentes", explicou.

“O que torna este um estudo único é que analisa pormenorizadamente o impacto da biodiversidade num sistema pouco estudado”, comentou David Tilman, ecólogo na Universidade do Minnesota.

“Não penso que esta investigação sugira que precisamos conservar cada espécie num ecossistema. Mas levanta a questão: de quantas espécies precisamos para termos água com qualidade?”, questionou Cardinale.

Ainda assim, vários especialistas têm dúvidas sobre este trabalho. “Gerar toda uma paisagem num microcosmos é um feito técnico notável. Mas será que este mecanismo é relevante num contexto natural?”, pergunta Jason Fridley, da Universidade Syracuse, em Nova Iorque.

Cardinale explica, então, que já “existem estudos que mostram que ecossistemas mais diversos têm menores concentrações de poluentes. Mas não explicam por quê. Para o fazer precisamos de criar um sistema simplificado em laboratório e controlar tudo, excepto a diversidade”.

“Sabemos que a diversidade de espécie interessa. Mas o que ainda não sabemos é quantas e quais as espécies a conservar”, comentou Cardinale.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Noticias sobre Alterações Climaticas cairam a pique!

http://www.ecosfera.publico.pt        Foto: Reuters

Há pouco mais de um ano, para qualquer órgão de comunicação social, ignorar notícias sobre as alterações climáticas era um grave pecado editorial. Mas agora a cobertura mediática do tema está no seu ponto mais baixo dos últimos cinco anos.
No saldo global, 2010 foi o ano em que o tema “saiu do mapa”, segundo o site The Daily Climate, ligado a uma organização jornalística norte-americana sem fins lucrativos, a Environmental Heath Sciences.

A partir do seu próprio arquivo de notícias internacionais, The Daily Climate conclui que houve uma queda de 30 por cento no número de artigos em língua inglesa sobre o aquecimento global em 2010, em comparação com o ano anterior. O assunto permaneceu em evidência em alguns órgãos de comunicação social – como as agências Reuters e Associated Press ou os jornais New York Times e Guardian. Mas caiu a pique em outros.

Nos noticiários noturnos das três maiores cadeias norte-americanas de televisão – NBC, CBS e ABC – a conferência climática de Cancún, há um mês, mereceu apenas dez segundos de emissão. Em contraste, a cimeira de Copenhaga, há um ano, teve direito a 98 minutos, segundo uma análise do investigador Robert Brullem da Universidade Drexel, na Filadélfia, citada por The Daily Climate.

Uma avaliação mais abrangente da Universidade de Colorado-Boulder, envolvendo jornais de vários países, mostra que a cobertura mediática do tema caiu a um nível que não se observava desde 2005/2006, antes de se iniciar uma tendência acentuada de subida que culminou com a cimeira de Copenhaga.

“Em parte, seria de esperar uma redução. Apesar de tudo, é surpreendente, porque a queda é muito acentuada”, afirma a investigadora Anabela Carvalho, do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho e autora de vários trabalhos sobre jornalismo e alterações climáticas.

Segundo Anabela Carvalho, uma conjugação de factores explica a tendência de 2010. O primeiro é a desilusão causada pela cimeira de Copenhaga, que deveria ter produzido um novo tratado climático global, mas resultou num acordo sem poder vinculativo, fora do âmbito das Nações Unidas.

Também faltaram “interlocutores” que chamassem a atenção pública e mediática para o tema das alterações climáticas – como o foram, nos últimos anos, o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, o economista Nicholas Stern ou o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas. “Se não há vozes, o assunto desaparece”, diz a investigadora.

Por fim, a crise económica e financeira tornou secundários os temas ambientais. “Sempre que há situações de crise, a atenção para o ambiente decresce”, explica Anabela Carvalho.

Com a crise longe do fim e sem soluções políticas à vista na diplomacia climática, o assunto, diz a investigadora, deverá permanecer por mais tempo em baixo na agenda dos media.